domingo, 24 de setembro de 2006

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

The Dark Side of... Johnny Be Goode

Título: Johnny Be Goode
Autor: Chuck Berry - n. St.Louis, Missouri, 1926
Data de Lançamento: 1959


"It's a Blues riff in B, watch me for the changes, and try to keep up..."
- Dizia para a banda de Marvin Berry o protagonista do filme de 1985 "Regresso Ao Futuro" quando tocou pela primeira vez, para um público atónito, esta canção.

Poucos se atreveriam a dizer que o Johnny da história era o próprio Chuck Berry.

Mas é. E esta é uma canção autobiográfica.

É claro que alguns versos da letra não correspondem à história de vida de Chuck Berry. Nasceu em St.Louis e não na Lousiana e - ao que consta - sabia ler e escrever muito bem. Berry também sabia que, se queria vender a sua canção, não podia manter o verso "that little coloured boy can play". Surgiu um muito menos rácico "that little country boy can play".

O título da canção é uma composição da alcunha do próprio Chuck Berry: Johnny, como lhe chamavam os amigos e o nome da rua onde este morava em St.Louis - Goode Street.

É uma excelente canção, um cruzamento perfeito entre os blues mais modernos e as origens do rock & roll.

É uma das 27 canções que representam a Humanidade no espaço. Vai, desde 1977, a bordo da Voyager, à procura de um planeta qualquer com uma festa para animar.

The Dark Side... of The Blues.

Esta é mais uma das rubricas que, de hoje em diante, marcará presença no nosso blog.

Grande parte das músicas que compõem o nosso repertório foram escritas há muito tempo. O tempo, como sabemos, é o pior inimigo da memória.

Sendo que, os blues e os seus derivados são formas musicais de humilde berço, afastados por natureza da cobertura dos grandes meios de comunicação e do interesse dos cronistas, pouco se sabe realmente sobre as razões que levaram à sua composição.

Como se cada música - que cada um entende à sua maneira, tivesse um lado negro, obscuro e desconhecido, que conta a verdadeira história de cada canção.

See the light...

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Imagens Inspiracionais #1

Imagens Inspiracionais

Os blues são 99% sentimento e 1% de outras coisas, já sabíamos.

Esse ponto percentual é composto por palavras, estados de espírito e imagens, entre outras coisas, mais ou menos indizíveis. Como os estados de espírito serão dificilmente traduzíveis em palavras, restam-nos as imagens para legendar os blues. Esta rubrica, agora inaugurada, dedica-se exclusivamente a esta tarefa.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

A King Of Spades no Avante! 2006



Foi um excelente concerto! Como sempre, a generosidade dos blues encontraram a boa-vontade do público e fizeram mais um momento único.

King Of Spades - O Site

Na imensidão da Internet é fácil, sem mapas adequados e bússolas certeiras, andar à deriva.

A King Of Spades Blues Band é uma embarcação com rotas bem cartografadas. Para além deste Blog - onde interagimos - temos ainda um outro porto seguro, o nosso website, onde comunicamos.

Merece o desvio.

Blueseologia - Tomo II - Shimmy

"Walkin up the street you can hear the sound
Of some bad honky tonkers really laying it down
you seen it all for years you got nothin to loose
so get out on the floor shimmy 'til you shak-em loose


Well The house is a rockin don't bother knockin
Well The house is a rockin don't bother knockin
Well the house is a rockin don't bother come on in
"

The House Is a Rockin' - Stevie Ray Vaughan

Para os entendidos o shimmy é uma dança afro-americana cuja origem estimada remonta a 1880. Consiste em abanar freneticamente os ombros - e todos o corpo - num movimento que é considerado por muitos estudiosos-da-coisa como uma herança tribal.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Blueseologia - Tomo I - Tin Pan Alley

É simples. "Tin" quer dizer lata, "Pan" é panela e "Alley" é beco. Beco das Panelas de Lata.

Apertada entre a 5ª e a 6ª Avenida, em Nova Iorque, fica a 28th Street ou, para os musicólogos mais atentos, a Tin Pan Alley.

No início do século XX, por efeito de arrastamento ou pura disponibilidade de espaço, juntaram-se neste espaço a maioria das editoras de música americana. A alcunha foi grangeada à custa da amalgama dos sons dos inúmeros pianos que soavam - dia fora - em audições e ensaios. O jornalista do "Herald", Monroe Rosenfeld, escreveu num dos seus editoriais de 1903 que, da rua ecoava um som que se assemelhava ao bater de milhares de panelas de lata.

Assim nasceu a Tin Pan Alley.

Blueseologia - Tomo I - Introdução Ao Volume

A música é uma companhia, uma companheira e - sem espantos hiperbolizados - uma forma de aprender. De forma contínua.

Os Blues são espantosamente (ou não) uma das mais intrincadas teias de saberes que podemos saborear. Tipicamente um blues clássico é cantado em inglês mas, nem os mais fluentes falantes da língua mater de Churchill, ou melhor, de George Washington saberão interpretar correctamente tudo o que uma letra de um qualquer blues quer - realmente - dizer.

Como se, de dentro de uma língua, surgisse uma outra linguagem, um linguajar próprio tão indecifrável para os entorpecidos neurónios que tratam destas coisas da interpretação linguística, como o dialecto antigo do Bairro Alto Antigo ou o trato informal dos móinas do Cais do Sodré .

Decidi, como se tivesse dedicado longos pensares à questão, fazer uma lista de termos que ajudem à compreensão do incompreensível; os dizeres mais vezeiros dos blues mais clássicos.

Vamos criando, com tempo e paciência, um diccionário de Blues.

Post Inaugural do weBlog da King Of Spades Blues Band...

No princípio era o verbo.

Depois as pessoas fartaram-se de ler sempre a mesma palavra e inventaram a música. A King Of Spades Blues Band não é mais do que a evolução, natural e inevitável, dessa inusitada invenção.

Dedicamo-nos, para já, aos blues porque a conjugação, cosmicamente ordenada, das vontades e dos percursos dos elementos da banda assim o ditou.

Os blues são música de raízes, progenitora de muitos outros estilos que lhe são simultaneamente descendentes longínquos e contemporâneos próximos.

Os blues têm essa magia; carregados de sentidos e sentires, de voodoo de importação africana e dos ritmos dos pântanos mais mississipianos, conseguem ser "clássicos" e "modernos" ao mesmo tempo.

É difícil - impossível, dirão alguns - definir as fronteiras dos blues. Onde é que determinada música passa a ser blues e outra deixa de o ser. Nós também não conhecemos essa parte da geografia da coisa. Simplificámos o processo: se tem soul, pode ser blues. Se é blues, está - seguramente - carregado de soul.

Alma e sentimento são palavras comuns a outros géneros musicais. O nosso fado, por exemplo. Partilha com os blues a sua pouco burguesa origem e a sua autenticidade. Não se pode fingir um fado, não há como fingir um blues.

Tocar blues é por isso tarefa àrdua.

Mas é largamente compensadora.