domingo, 25 de novembro de 2007

Adeus Shure, Olá Rode....

Há coisas piores.

Já perdi a carteira, com os documentos todos, por mais de uma vez. Já perdi as chaves do carro, por duas vezes, sendo que uma delas estava em Castro Laboreiro a mais de muitos kilómetros de casa. Uma vez perdi a minha namorada da altura numa festa da faculdade e só a tornei a encontrar, anos depois, casada com um dos meus colegas de turma, que eu julgava casado com outra colega que acabei por encontrar - um pouco mais tarde - na mesma festa.

Há coisas piores, para um vocalista, do que perder um microfone. Há, mas são poucas...

Mas uma coisa é perder um companheiro fiel para o desconhecido. Perder de perder mesmo. Outra, totalmente diferente, é perder um microfone para a gravidade.

Leram bem. O microfone que fez uma boa parte dos concertos da King of Spades Blues Band - os mais de muitos até agora - deu-lhe um ataque de gravidade e caiu, com tripé e tudo, e esborrachou-se no chão, mesmo antes do início de um dos últimos concertos.

Não foi para sempre, quero crer. Este Shure Beta 58A não morreu. Está nos cuidados intensivos, nas mãos do competente Engº Boavida, que é que trata destes pacientes na banda.

Isso criou um problema.

Como é que substitui algo de tão específico, como o microfone da voz principal, numa banda com quase 100 concertos?

Será que o ideal é substituir por outro microfone igual, tentando preservar a identidade da voz (os mesmos graves, médios, agudos e feedbacks de sempre) ou é melhor inovar e fazer soar outro tipo de voz?

Pensei, mas só por um bocadinho. Até tenho outros microfones. Outros Beta, um AKG e mais alguns de outras marcas. Não seria expectável que, ao cabo de 20 anos a cantar por aí, não os tivesse, mais ou menos oxidados, mais ou menos esquecidos e empoeirados.

Mas achei que era altura de mudar. Tentar outra via.

Uma pesquisa rápida fez-me chegar rapidamente a um trio de candidatos. O Beta 87 do costume, o caro Neumman KMS 105 e o recém-chegado (ao mundo dos palcos) Rode S1.

Escolhi o Rode, por várias razões, sendo que a principal foi o risco. O risco de cantar, com a pressão sonora a que tenho habituado os ouvidos do nosso público e - especialmente - os meus companheiros de banda, com um microfone de condensador. O risco de o levar, a ele e ao condensador, para fora do estúdio e para os palcos, difíceis, onde habitualmente tocamos. O risco de o sujeitar a largas dezenas de concertos por ano, dentro de uma bolsinha de plástico, tendo por companhia tripés vários e outros objectos contundentes, perigosos para a sua frágil natura.

Dos testes que já fiz, portou-se lindamente.

Tive de reduzir o ganho nas mesas e levantar um pouco o volume (pois, ainda há quem cante a um palmo do microfone) para não rebentar com as colunas.

Para já vai fazer a rodagem para a friagem da Praça do Comércio (dia 23 de Dezembro) e para o Sem-Fim em Monsaraz (passagem de ano), com passagens obrigatórias pelo Saldanha Caffé (8 Dezembro) e Hips (15 de Dezembro).

Bem vindo Rode!